LIBERTAÇÃO

UM ESPAÇO DE LIBERDADE SEM ILUMINADOS E HIPOCRISIAS

sábado, setembro 17, 2005

TAP e telemóveis

A TAP foi a companhia eleita a nível mundial para testar a introdução de telemóveis a bordo dos aviões. A experiência vai decorrer no final de 2006, nos voos da TAP para a Europa que são operados pelos seus três aviões Airbus 321, e irá durar três meses. Os passageiros que na ocasião viajarem nestes voos da TAP poderão efectuar chamadas, enviar SMS ou e-mails a partir dos seus telefones portáteis. Se o teste for bem sucedido, o uso de telemóveis poderá vir a ser uma realidade na aviação internacional já em 2007.O prestígio da companhia, sobretudo no que toca à manutenção dos aviões, foi um critério de peso na escolha da transportadora portuguesa para testar algo que ainda coloca problemas de segurança. Decisivo, terá também sido o facto da TAP ter sido a primeira companhia do mundo a instalar, em 1988, comunicações via satélite para as tripulações na sua frota de aviões Lockheed.A tecnologia que irá permitir num futuro próximo o uso de telemóvel nos aviões sem interferir com a condução das aeronaves pertence à OnAir, empresa participada pela Airbus e especializada em comunicações. O desenvolvimento do equipamento que será instalado a bordo dos aviões também contou com a contribuição da Siemens.

Liguem esta noticia aos produtos chineses...

O Banco de Portugal confirma que a actividade económica está a abrandar. Ao longo do último ano, vários indicadores têm vindo a piorar de mês para mês. E isto quer dizer que há agora mais riscos de a economia estagnar no final do ano.
O indicador coincidente calculado pelo Banco de Portugal, que tenta medir a tendência da economia, voltou a agravar-se em Agosto. Desde há um ano que a queda tem sido constante e agora entrou mesmo em terreno negativo. Isto quer dizer que se agravaram os riscos de este ano o Produto Interno Bruto estagnar. A última previsão do conhecido Banco de Portugal aponta para um crescimento de apenas meio por cento. Mas mesmo esta previsão pode acabar por se revelar optimista. Basta pensar na incógnita que são os preços do petróleo. Ainda há duas semanas, foram batidos novos máximos históricos e Portugal sofre as consequências do petróleo em níveis recorde de forma mais acentuada que os outros. As previsões para esta segunda metade do ano têm implícita uma recuperação da economia, em comparação com os primeiros seis meses. Mas quase tudo aponta para que isto não venha a acontecer. A confiança dos agentes económicos tem vindo a degradar-se e o desemprego continua a subir, em comparação com o que se passava há um ano. O Banco de Portugal acredita que o consumo privado vai agora crescer mais devagar do que no início do ano, até por causa do aumento da taxa do IVA para 21 por cento. Do lado do comércio internacional, a dependência externa do país aumenta, já que as importações crescem mais depressa do que as exportações.

Isto vai ser bonito...

Os têxteis chineses que têm estado retidos na alfândega marítima de Lisboa foram já descarregados. São toneladas de produtos que vêm fazer frente à indústria portuguesa do sector. As exportações chinesas têm uma quota anual limite estabelecida no acordo de Xangai, que não foi respeitada. A Comissão Europeia estabeleceu que os produtos que vão entrar agora vão ser descontados na quota do próximo ano, mas a verdade é que desses produtos apenas 50 por cento vão contar para essa posterior redução em 2006. A ser assim, são ainda mais as toneladas de produtos têxteis chineses que vão entrar nos nossos mercados e que vão entrar em concorrência com as empresas portuguesas deste mesmo sector. Para muitos comerciantes, não só em Portugal como por toda a Europa, são mais produtos para venderem a preços mais baixos nas suas lojas. Mas do outro lado estão também os industriais, é que o futuro de várias de empresas e milhares de postos de trabalho poderão correr sérios riscos. Esta ameaça não foi no entanto, razão suficiente para os produtos chineses ficarem retidos. Bem pelo contrário, tudo foi resolvido num curto espaço de tempo. Um desbloqueio positivo para alguns comerciantes e consumidores que querem produtos a preços baixos, mas negativo para muitos industriais portugueses que adivinham um futuro ainda mais negro.

Faltosos: o que é que eles pensam?

O Fisco notificou 100 mil portugueses que não entregaram a declaração de IRS. Os contribuintes faltosos têm agora 15 dias para entregarem voluntariamente a declaração. Caso contrário, será o próprio Fisco a determinar oficiosamente os rendimentos sujeitos a tributação. De acordo com uma nota das Finanças, o cruzamento de dados permitiu detectar 105 mil contribuintes que não declararam os rendimentos de 2004. Mesmo assim, este ano, o Fisco recebeu mais 240 mil declarações que no ano passado. Um acréscimo justificado com uma maior eficácia da Administração Fiscal na detecção de faltosos (TVI)

Muito bem Marques Mendes...

Mais de 150 militantes do PSD de Oeiras deverão ser expulsos do partido por fazerem parte das listas de Isaltino Morais nas próximas eleições autárquicas. Os militantes receberam cartas do conselho de jurisdição do partido pois fazem parte de uma lista independente, liderada por Isaltino e contra a candidatura de Teresa Zambujo. A direcção do PSD diz que se trata de fazer cumprir os estatutos, enquanto que o PSD Oeiras responde que Marques Mendes e Teresa Zambujo foram os primeiros a violar as leis internas. O PSD Oeiras lembra que o nome de Teresa Zambujo foi aprovado pela direcção do PSD, sem qualquer apreciação por parte dos órgãos locais e para o presidente do PSD Oeiras há aqui perseguição. Os militantes que fazem parte das listas de Isaltino Morais podem agora contestar os argumentos da direcção nacional. Só depois o conselho de jurisdição vai decidir sobre as expulsões, o que poderá não acontecer antes das eleições autárquicas.

Advogado ambicioso

José Maria Martins apresentou, esta sexta-feira, a sua candidatura à Presidência da República. O advogado, conhecido pela sua intervenção no processo Casa Pia, fez uma declaração de guerra à corrupção e ao tráfico de influências, que considera instalados no sistema político.
José Maria Martins diz que o Presidente da República não pode servir só de «corta-fitas», enquanto o desemprego e a pobreza atingem cada vez mais cidadãos. O candidato confia que os portugueses descontentes com o sistema vão apoiar a sua candidatura e garante que esta é para levar até ao fim (TVI)

Mentiras: Rios da Europa do Sul perderão dez por cento de caudal até 2030

Mentiras...
Embora a nível europeu o consumo de água deva decair cerca de dez por cento nos próximos 25 anos, na Europa mediterrânica o consumo tem tendência a aumentar, o que fará com que algumas bacias venham a ter menos dez por cento de água disponível (ver infografia). Estas são algumas conclusões do relatório de 2005 sobre as perspectivas ambientais para a UE da Agência Europeia de Ambiente. Divulgado no domingo, o relatório apresenta cenários positivos em diversas frentes - poluição do ar e emissões de gases com efeito de estufa -, mas também alguns preocupantes, como a escassez de água em certas regiões.
No que diz respeito ao stress hídrico, isto é, quando o consumo excede as disponibilidades, o futuro apresenta-se risonho a norte e tristonho a sul. Actualmente, os europeus gastam 300 mil milhões de metros cúbicos de água, o equivalente às nascentes dos três maiores rios do continente: Danúbio, Reno e Loire. A maioria é usada na agricultura (37 por cento) e sector energético (24), seguidos do sector doméstico (24) e indústria (13). Com as alterações climáticas e a prevista subida de temperatura, haverá mudanças na quantidade de água disponível nos rios europeus. Enquanto no Norte deverá haver um aumento, no Sul o precioso líquido tende a escassear, chegando mesmo a reduções de dez por cento ou mais em algumas bacias hidrográficas. No relatório, prevê-se também um aumento da frequência e intensidade das secas, sobretudo no Sul e em algumas partes da Europa Central.Para os próximos anos, está previsto que o sector eléctrico - que utiliza a água para a refrigeração - perca importância devido à mudança de tecnologia, algo que poderá rondar os 70 por cento. A agricultura vai continuar a ser o grande consumidor, sobretudo no Sul, onde o aumento da temperatura irá obrigar a mais irrigação. A indústria vai também aumentar o consumo, embora subsistam muitas incertezas que dependem da evolução da tecnologia. Persistem também incertezas sobre o sector doméstico, pois há muitas incógnitas sobre factores que influenciam o consumo: o preço da água, a evolução do turismo, o rendimento e dimensão dos agregados familiares, etc.O relatório preocupa-se também com as alterações climáticas, considerando que as metas de Quioto para a redução dos gases com efeito de estufa deverão ser atingidas, em parte devido às baixas emissões dos mais novos membros da União. Já a longo prazo o cenário não é tão positivo: o objectivo de não se ultrapassar os dois graus de aumento da temperatura global deve ser excedido na segunda metade do século.

Mais confusão? TAP pode migrar para novo sistema de reservas

A TAP poderá migrar do actual sistema de reservas Galileo para o produto concorrente gerido pela Amadeus, o que irá depender da integração da companhia aérea no futuro sistema partilhado pelas transportadoras pertencentes à Star Alliance. A aliança comercial à qual pertence a empresa portuguesa anunciou a conclusão de um acordo com o Amadeus, grupo fornecedor de tecnologias de informação sediado em Espanha, para a disponibilização de uma plataforma comum a vários membros da Star Alliance. O processo deverá começar pelas companhias Lufthansa e United Airlines, sendo facultativa a adesão dos restantes membros do grupo. Em causa está a respectiva integração em áreas como os acordos de partilha de códigos de voo e a definição de perfis dos clientes. De acordo com uma fonte oficial da TAP, este processo irá ser ainda analisado pela companhia aérea. O Galileo, principal concorrente do Amadeus, detém actualmente cerca de 90 por cento do mercado português, incluindo agências de viagens.

A política bateu no fundo

Do "Publico" um artigo interessante sobre a nossa política...
As eleições autárquicas são, por regra, das menos participadas, com excepção das europeias. O que representa uma certo paradoxo: afinal, o poder local está mais próximo dos cidadãos, os autarcas têm uma grande capacidade de melhorar (ou de piorar) a qualidade de vida das populações e estas conhecem-nos muitas vezes pessoalmente, não apenas porque aparecem na televisão ou têm o rosto num cartaz. Contudo...
Contudo Portugal é um país onde, apesar dos bairrismos, sempre houve um poder central forte e, sobretudo, uma projecção das frustrações e dos sucessos do país no Terreiro do Paço. O que corre bem e o que corre mal é quase sempre visto como obra de quem ocupa os ministérios, enquanto a capacidade de escrutinar os poderes locais é limitada, com excepção das grandes câmaras, onde se focalizam as atenções dos órgãos de comunicação social.
Esta situação tem efeitos perversos. Primeiro, as competências dos municípios são muito diminutas. Áreas que noutros países são geridas localmente com eficiência (como as escolas do ensino básico e secundário ou grande parte das redes públicas de saúde e assistência social) dependem em Portugal de Lisboa ou de serviços desconcentrados da administração central, tudo com enorme peso burocrático. Depois, a excessiva focalização dos poderes locais no binómio urbanização/obras públicas, com as licenças das primeiras a financiarem a realização das segundas, tem ajudado a criar o caos no território e, pior do que isso, alimentado perigosas ligações entre construtores civis e dirigentes partidários locais, numa teia de interesses cruzados que engorda o cancro maior da democracia, a corrupção. Por fim, a necessidade de "mostrar obra" tem fomentado a multiplicação de obras de fachada com muito pouco impacto na qualidade de vida das populações.
Nada disto se deverá discutir com seriedade nestas eleições onde os cidadãos vão antes do mais escolher os seus autarcas com base em critérios locais e pessoais. Ou seja, estas são 308 eleições diferentes cujo resultado global só marginalmente é determinado por reflexos de voto partidários ou de avaliação da acção do Governo. É certo que, sobretudo nos grandes centros urbanos, o grau de satisfação com as políticas do partido no poder influencia as escolhas, mas é errado pensar que os eleitores terão como primeiro critério premiar ou castigar o primeiro-ministro em funções.Exemplos da influência que as questões locais (e os candidatos) têm no sentido de voto surgirão nos concelhos onde concorrem figuras que os partidos, por bons motivos, não quiseram nas listas. Aí as escolhas que forem feitas dirão muito sobre a responsabilidade dos eleitores no actual estado de coisas, pois a salubridade do espaço político diz respeito a todos e não só aos que se dedicam à res publica...

Mais uma vitoria: Multinacionais continuam a despedir e a sair de Portugal

Outra vitória deste Portugal socialista...
De acordo com o Diário de Notícias, em muitos casos, as empresas beneficiaram de apoios públicos para a instalação, mas acabaram por fechar.
Um dos exemplos é a multinacional de cablagens para automóveis Yazaki. Em declarações ao DN, o presidente do Instituto do Emprego e Formação Profissional garante que foram oferecidos incentivos, como capital de risco e apoios à contratação, para tentar evitar o despedimento de cerca de três mil trabalhadores na Yasaki. Mesmo assim a empresa continua a não querer manter-se em Portugal.
Também a multinacional de calçado Lear, na Póvoa do Lanhoso, está em situação semelhante. O processo negocial está em curso, mas os cerca de três mil postos de trabalho continuam em risco.

Vitória: Portugal sai da lista dos países mais reformistas do mundo

Mais uma vitória do Portugal socialista...
Portugal saiu da lista dos países mais reformistas do mundo, de acordo com uma fonte oficial do Banco Mundial (BM) ouvida pelo Diário Económico.Este ‘ranking’, ontem divulgado, será mais um contributo para a discussão que se inicia hoje, e se prolonga até à próxima sexta-feira em Nova Iorque, onde decorrerá mais uma cimeira de líderes mundial. Os temas centrais do encontro serão, novamente, o combate à pobreza (o cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio), a reforma das Nações Unidas, entre outros.De acordo com o relatório “Doing Business in 2006” do BM, um estudo detalhado e global sobre as reformas e o crescimento do sector privado no mundo, Portugal registou em 2004 melhorias em apenas um dos indicadores que avaliam o grau de reformas da economia, quando em 2003 o país conseguiu colocar-se entre os dez melhores, ocupando o nono lugar, à frente de Espanha. No ano transacto, os mais reformistas foram a Sérvia e Montenegro, a Geórgia e o Vietname. A Alemanha, a maior economia da zona euro e um dos principais parceiros comerciais dos portugueses, conseguiu arrecadar o quinto lugar. Espanha também perdeu o lugar no ‘top ten’, ao passo que as economias da Europa oriental, Eslováquia, Roménia e Letónia conseguiram subir para o grupo dos mais reformistas.Segundo a mesma fonte do BM, em Portugal, a única reforma digna de registo foi a nova lei das falências de empresas, conclusões que visam directamente a governação dos ex-primeiros-ministro, Durão Barroso e Santana Lopes, e que revelam também a posição de fraca competitividade da economia nacional face aos seus mais directos concorrentes, designadamente os países Leste.A título de exemplo, e segundo o mesmo estudo, Portugal aparece como uma das economias do mundo onde é mais difícil abrir um negócio. Numa lista de 155 países, o mercado nacional surge na 104ª posição quando se refere à celeridade de abertura de uma empresa. Em média, um empreendedor precisa de 11 procedimentos diferentes para conseguir abrir um negócio em Portugal. Este processo pode durar cerca de 54 dias, custar qualquer coisa como 13,4% do seu Rendimento Nacional Bruto (RNB) ‘per capita’, a que acresce um gasto de 39,4% do RNB ‘per capita’ na obtenção de um número no registo nacional de pessoa colectiva.De acordo com o estudo, Portugal figura no 42º lugar no ‘ranking’ que avalia a facilidade em fazer e manter um negócio. Este índice resulta da média aritmética simples de dez indicadores que avaliam o grau de regulação dos mercados e as políticas que apoiam ou restringem o investimento, a produtividade e o crescimento económico.Para completar o seu painel de bordo sobre a regulação dos mercados, o BM introduziu três novos indicadores face ao relatório de 2004: a facilidade na obtenção de licenças (o sector mais importante é o da construção), o pagamento de impostos e o grau de abertura comercial (Diário Económico).

Mário Soares diz que Cavaco Silva não tem perfil para Presidente

Mario Soares não deve estar bom da cabeça - serão as sondagens?
O candidato às eleições presidenciais apoiado pelo PS, Mário Soares, afirmou numa entrevista a uma rádio francesa que Cavaco Silva, provável candidato da direita, não tem perfil para ser Presidente da República.
"No meu entender (Cavaco Silva) não tem perfil para Presidente da República e não tem a formação humanista que deve ter um Presidente de Portugal", afirmou Soares à Rádio Alfa.Na entrevista, o candidato apoiado pelo PS disse ainda que Cavaco Silva, economista e professor universitário, é "um homem sério e respeitador" e é uma pessoa "com perfil de primeiro-ministro"."Foi um primeiro-ministro que fez um serviço pelo país, indiscutivelmente", acrescentou.Estas declarações de Mário Soares ocorrem poucos dias depois de ter afirmado que Cavaco Silva, previsível candidato da direita, "é o adversário possível, forte e de respeito com quem vai travar um combate leal, forte e de ideias".Mário Soares falava à Rádio Alfa de Paris, a rádio da comunidade portuguesa residente na capital francesa, durante uma visita de três dias que fez àquele país.No decorrer da visita a França, Soares participou numa conferência da comunidade de Santo Egídio e manteve encontros com os emigrantes portugueses.

Morreu um padre "fuzilado" há 67 anos...

Uma história curiosa (do jornal Publico):
Em 17 de Junho de 1938, o padre espanhol Eugenio Laguarda foi espancado, golpeado, fuzilado e atirado para um barranco. Mais de 67 anos depois, o padre Eugenio morreu, com 94 anos, na localidade valenciana de Bonrepós, onde foi a enterrar na segunda-feira passada, dia 12. Afinal, apesar dos golpes e do tiro de que foi vítima, Laguarda sobreviveu. A história vem contada no La Razón, de ontem. Eugenio Laguarda tinha ido para pároco da pequena localidade de Zucaina. Estava ali há 15 meses quando a guerra começou, tinha 27 anos. O jovem padre escondeu todas as imagens da paróquia em casas particulares, continuando a ir à igreja, mas sem tocar o sino. "Tinham morto muitos padres das aldeias", contava ele, em 2001, no semanário da diocese de Madrid, o Alfa y Ómega - a questão religiosa foi uma das que atravessaram a Guerra Civil de Espanha. Depois de ter sido procurado por milicianos republicanos, que viriam com a intenção de o matar, o padre refugiou-se numa casa de camponeses, a hora e meia de Valência, a pé. A quinta foi depois procurada pelos milicianos para ali alojar soldados e Laguarda pôs-se a caminho da montanha. Foi interceptado por um par de soldados que procuravam um preso e lhe pediram a identidade. Depois de confessar que era padre, os soldados pegaram-lhe com violência, revistaram-no e encontraram-lhe o breviário. "Um dos soldados deu-me um murro com a espingarda na cara, derrubando-me e deixando-me sem visão no olho direito", durante três meses. "Mandou-me levantar e voltou a dar-me outro murro, que me partiu o nariz", contava o padre Eugenio, em 1999, numa entrevista ao semanário Paraula. "Quando eu já não conseguia levantar-me, deram-me o tiro de misericórdia. A bala entrou mesmo por baixo do olho esquerdo, seguiu pela garganta, atravessou-me o palato, a língua e o pulmão, onde permaneceu 16 anos." A seguir, os soldados das milícias republicanas ainda atiraram o padre para um barranco. "Eu ouvia-os a ir-se embora, rindo-se de como eu rezava à Virgem."Foi ao fim de algumas horas e de muito esforço que o padre conseguiu subir de novo para a estrada, sendo socorrido por um pequeno autocarro que passou à meia-noite, com a intenção de o levar para um hospital. O autocarro ainda se cruzou com os dois milicianos, que quiseram acabar de vez com o padre, mas o motorista impôs-se e transportou Laguarda para ser socorrido. Depois da Guerra Civil e já sob o regime de Franco, os soldados foram condenados à morte pelo acto. Mas, procurado pelos pais de ambos, o padre interveio, intercedendo pelos homens. Obteve o perdão para ambos. Em 1999, na altura da citada entrevista, Laguarda tinha notícia de que pelo menos um deles ainda vivia. Chamar-se-ia Antonio, mas o padre Eugenio recusava-se a dizer o apelido. "Como eles preferiram não me vir ver, também não fui ter com eles. Não achei conveniente. A verdade é que teria gostado que tivessem vindo desculpar-se."O episódio do padre Laguarda foi um dos que, na mesma época, vitimaram 233 padres e católicos valencianos, que foram beatificados em Março de 2001 por João Paulo II. "Deus viu que eu não merecia estar entre eles e quis que trabalhasse muitos anos", contava o próprio no Paraula. Nessa altura, com 90 anos, celebrava missa às sete da manhã e punha-se, depois, a confessar durante horas. Entre 18 de Junho de 1936 e 1 de Abril de 1937, pelo menos 6832 padres, frades e freiras, bem como 12 bispos, foram mortos na Guerra Civil espanhola.

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