Só se acharam 60 por cento das vítimas em Nova Iorque

Em Maio, foi dado por terminado o trabalho de identificação das vítimas dos atentados às Torres Gémeas de Nova Iorque. Dos 2793 mortos, ficaram por encontrar os corpos de 1118. "Só encontrámos 60 por cento das vítimas. O colapso e a destruição foram imensos, muitos corpos ficaram pulverizados. Tínhamos sorte se encontrássemos um fragmento de osso", relata Mechthild Prinz, do gabinete do Chief Medical Examiner (um organismo estadual que investiga os casos de morte violenta) de Nova Iorque, que participou no Congresso da Sociedade Internacional de Genética Forense. Os corpos estavam tão danificados que o ADN era o único método possível e funcionou bem: entre as 1675 vítimas identificadas, só 500 o foram por outros métodos, como os registos dentários ou as impressões digitais. Um guia de procedimentos seguir para identificar vítimas de grandes tragédias era algo que não existia nos EUA. "Era o maior desastre nos EUA e não tínhamos um plano. Agora temos!", diz a investigadora. Pediram a uma empresa para desenvolver software para pôr os dados, ao mesmo tempo que os recolhiam no terreno. "Estávamos mesmo a improvisar. Alguém disse que foi como construir um avião enquanto voávamos." Também era preciso lidar com os familiares das vítimas. "Estavam sempre a perguntar, é claro, o que fazíamos, por que demorava tanto tempo. Tínhamos reuniões semanais. Perceberam, mesmo os familiares das pessoas que não encontrámos, que fizemos o melhor que podemos. Não estão zangados."

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As eleições no Afeganistão...

Pede-se hoje aos afegãos - uma população com perto de 80 por cento de iletrados - que participem num processo complexo, uma eleição dupla em que terão que escolher um candidato para a Câmara do Povo (Wolesi Jirga, Câmara Baixa do Parlamento) e um para o conselho da sua província. Muitos "que votaram pela primeira vez o ano passado durante as presidenciais não compreendem porque devem votar uma segunda vez", disse à AFP um responsável próximo da missão da ONU. Alguns fazem confusão entre as duas câmaras; outros não percebem o papel dos membros dos conselhos de província: "grandes eleitores" que deverão "aconselhar" a administração provincial e que formarão parte do Senado (Meshrano Jirga, Câmara Alta). Este mandato só foi definido em Agosto, quando os próprios candidatos já se tinham apresentado sem saberem exactamente para o quê. O sistema eleitoral escolhido - de voto não-transferível - é supostamente o mais simples e imparcial. Cada voto vai para o respectivo candidato e os partidos não foram autorizados a participar abertamente. A simplicidade produziu um total de 5800 candidatos e alguns dos maiores boletins de voto do mundo. Em Cabul, por exemplo, os eleitores terão de percorrer 14 páginas com fotografias e símbolos de mais de 700 candidatos em busca do seu escolhido entre os deputados (sete páginas) e do nome que preferem para o conselho de província (outras sete).