LIBERTAÇÃO

UM ESPAÇO DE LIBERDADE SEM ILUMINADOS E HIPOCRISIAS

quarta-feira, outubro 26, 2005

Cheney terá sido a fonte de Libby no caso da agente da CIA

Rita Siza, Washington
O nome do vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney, foi ontem envolvido na investigação em curso sobre a exposição pública da identidade de uma agente secreta da CIA que há mais de 22 meses assombra a Casa Branca e ameaça alguns dos mais importantes funcionários da Administração.
Segundo revelou ontem o jornal The New York Times, Cheney teria conhecimento da identidade de Valeria Plame um mês antes da sua divulgação nos jornais, e poderá mesmo ter sido a fonte do seu chefe de gabinete, Lewis "Scooter" Libby, que enfrenta a possibilidade de uma pronúncia pelo seu papel na identificação de Plame aos jornalistas.
A exposição da identidade de um agente secreto é um crime federal nos Estados Unidos. A publicação de várias notícias sobre Valerie Plame levou à constituição de um grande júri e a um inquérito sobre uma alegada "conspiração" política a partir da Casa Branca, que numa manobra de diversão estaria a desviar atenções das críticas protagonizadas pelo marido de Plame, o ex-embaixador Joseph Wilson, às pretensões americanas de invasão do Iraque. Depois de uma missão no Níger, Joseph Wilson denunciou como "manipuladas" as provas da existência de armas de destruição maciça no arsenal militar de Saddam Hussein.
O New York Times citava ontem advogados envolvidos na investigação que terão tido acesso a provas documentais no âmbito do processo que está a ser conduzido pelo procurador especial Patrick Fitzgerald, entre as quais notas manuscritas por Libby no decurso de uma conversa com o seu superior Dick Cheney. As notas parecem indicar que terá sido o vice-presidente quem terá inicialmente informado o chefe de gabinete acerca da identidade de Valerie Plame. Mas quando testemunhou perante o grande júri, Libby disse que foi através dos contactos com os jornalistas que ficou a conhecer a ligação de Valerie Plame à CIA e o seu papel no envio do seu marido ao Níger.
Ainda segundo o NY Times, é impossível perceber das notas na posse de Fitzgerald se Cheney ou Libby sabiam que Plame trabalhava como espia e que a sua identidade estava protegida pelo segredo de Estado. Em termos meramente formais, a conversa pode não ser ilegal nem indicar a prática de qualquer crime, uma vez que a lei estabelece que o desconhecimento do estatuto secreto da actividade de um agente invalida a acusação.
A conversa em que Cheney e Libby se referiram a Valerie Plame aconteceu no mesmo dia em que o jornal Washington Post publicou uma notícia de primeira página dando conta das conclusões de um diplomata em missão para a CIA sobre um possível negócio de enriquecimento de urânio envolvendo o Níger e o Iraque. O nome do diplomata foi mantido em segredo.Para a Casa Branca, o envolvimento de Cheney no escândalo representa mais um golpe na sua credibilidade. Apesar de o vice-presidente nunca ter sido chamado a testemunhar perante o grande júri, as últimas informações colocam sob imensa pressão o seu chefe de gabinete - as contradições de Libby podem ser interpretadas como estratégias dilatórias que impedem a investigação de um crime.O procurador Fitzgerald tem até sexta-feira para anunciar os resultados do seu inquérito. Além de Libby, também Karl Rove, o chefe de gabinete e principal conselheiro político de George W. Bush, enfrenta a possibilidade de uma acusação. O Presidente dos EUA já garantiu que todos os funcionários da Casa Branca que venham a ser acusados de crimes neste processo serão demitidos das suas funções (Publico)

CounterData.com

espresso machines
espresso machines Counter