LIBERTAÇÃO

UM ESPAÇO DE LIBERDADE SEM ILUMINADOS E HIPOCRISIAS

quarta-feira, outubro 26, 2005

YaG 14/10, a nova prisão do magnata russo Mikhail Khodorkovski

O oligarca foi transferido a semana passada para uma colónia penal ao melhor estilo soviético
A temperatura média de Inverno em Krasnokamensk oscila entre os 18 graus negativos e os 33 graus negativos. Mas há dias em que os termómetros exageram neste confim do mundo, um recanto da longínqua Sibéria mesmo junto à fronteira da China. O repórter do Guardian que foi visitar a nova morada do oligarca russo Mikhail Khodorkovski, condenado a oito anos de prisão por fraude e fuga aos impostos, chama-lhe "uma vila na berma da civilização". Fica a 4700 quilómetros de Moscovo.
A colónia penal YaG 14/10 situa-se mesmo à saída de Krasnokamensk, uma localidade que se desenvolveu para servir uma gigantesca mina de urânio. Há dez anos, os níveis de radiação detectados eram 190 vezes maiores do que o máximo recomendado. "Nós sobrevivemos aqui, por isso ele também vai ser capaz", desabafou ao repórter inglês Gennadi, um geólogo de 58 anos sem grandes sentimentos de compaixão pela sorte do milionário russo.
Khodorkovski foi transferido para a YaG 14/10 na semana passada. Segundo o Moscow Times, o antigo patrão da petrolífera Iukos já garantiu assinaturas de 100 jornais e revistas, levou consigo duas grandes malas cheias de livros - quer fazer uma tese de doutoramento na área da petroquímica - e conseguiu autorização para gastar "um pouco mais" do que os 23 rublos (cerca de 75 cêntimos) diários que os prisioneiros recebem em troca do seu trabalho.
O dia começa às 06h00 e não há cela privada
De resto, os seus dias deverão ser iguais aos dos restantes prisioneiros - "ladrões e vigaristas, como ele", segundo uma fonte prisional citada pelo Guardian. O dia começa às 06h00 para todos. O porta-voz siberiano do Serviço Federal Penitenciário, Iuri Iakushevksi, explica que quem está de serviço trabalha duas horas por dia em tarefas de manutenção e limpeza da prisão, isto para além do trabalho oficial, o tal que lhes rende 23 rublos por dia, que consiste no fabrico de uniformes para as forças policiais e prisionais. Todos têm direito a duas horas de televisão.
Khodorkovski não tem direito a uma cela privada, dormindo num beliche juntamente com os seus parceiros do Bloco nº8. As refeições são feitas numa cantina, onde são os prisioneiros que preparam a sua própria comida e que lavam a loiça. O pão é feito pelos presos. "No menu de hoje há papas de cereais, pão e carne. Em breve está para chegar um carregamento de peixe e de marisco", garante Iuri Iakushevksi.A mesma fonte diz que o Estado gasta 65,44 rublos por dia (menos de dois euros), por prisioneiro, sendo 35 rublos gastos com a alimentação.
O prórprio Khodorkovski já fez saber que "está muito satisfeito" com as suas novas instalações, mas a sua equipa de advogados discorda. Anton Drel, um dos seus representantes legais, acusa o Kremlin de querer isolar o oligarca da sua família. "Isto é mais um passo para atingir um objectivo: é vingança", explicou ao jornalista, acrescentando que está a preparar uma queixa para levar aos Tribunal Europeu dos Direitos Humanos baseada no pressuposto de que os prisioneiros são habitualmente autorizados a cumprirem as suas penas na zona da sua residência para poderem receber visitas dos seus familiares. A mãe de Khodorkovski, Marina, está a considerar organizar uma espécie de turno com Inna, a mulher do ex-patrão da Iukos, para viverem mais perto de YaG 14/10. Ou então, como sugere ironicamente Irna, um química entrevistada pelo Guardian, podem sempre "vir de jacto visitá-lo". (Publico)

CounterData.com

espresso machines
espresso machines Counter