LIBERTAÇÃO

UM ESPAÇO DE LIBERDADE SEM ILUMINADOS E HIPOCRISIAS

quinta-feira, setembro 15, 2005

Futebol em crise 2

Do jornal "A Bola" (www.abola.pt) retiramos este texto que achamos interessante porque procura retratar a realidade do futebol português:
"É um check-up às finanças do futebol em Portugal. Ou mais do que isso: comparações com a Europa e seus potentados, olhares sobre o impacto económico do Euro-2004, o FC Porto e o Benfica em duelo de cifrões, as contas da Liga, da SuperTaça Cândido de Oliveira, da Taça de Portugal. O estudo tem, uma vez mais, a chancela da Deloitte. Quinta-feira, A BOLA colocará o Anuário nas bancas. Para já levanta-lhe vários véus...
Benfica e Sporting a menos do que... Schumacher
As receitas totais dos 18 clubes que disputaram a SuperLiga em 2003/04 bordejaram os 278 milhões de euros. Parece muito? Parece, mas não é. Há estimativas que apontam para que o futebol europeu tenha gerado no último ano um volume de negócios em torno dos 10mil milhões de euros. O que se sabe de conta certa é que a receita da SuperLiga portuguesa anda pelos 11% da receita da Premier League inglesa, que em 2002/03 facturou 1790 milhões de euros. Desses 278 milhões de euros, 110 milhões couberam ao FC Porto, nunca antes nenhum clube português ganhara tanto dinheiro, o seu valor daria para a compra de 420 unidades do mais caro modelo da Ferrari, o 612 Scaglietti. O Benfica ficou- se pelos 49,7milhões de receita total e o Sporting pelos 34,2 milhões - em qualquer dos casos bem menos do que aquilo que ganharam em 2004 Tiger Woods (66 milhões de euros) e Michael Schumacher (63,5milhões). Emais nenhum outro clube chegou ao patamar dos 10 milhões: o Boavista roçou os 9,8 e o Sp. Braga os 9,6. O Estrela da Amadora recebeu 2,3milhões de euros ao longo de toda a temporada, com isso não conseguiria pagar nem metade do salário (só do salário!) que o Chelsea paga a Frank Lampard, actualmente o futebolista com maior ordenado no Mundo: 7,5 milhões de euros.
Manchester United, 458- -FC Porto, 7
Na época passada, o Manchester United facturou 259 milhões de euros, quase tanto como toda a receita da SuperLiga - fruto sobretudo de uma desenvolvida estratégia comercial revolucionária, cujos pilares fundamentais passam pela Nike e pela Vodafone (que pagou 54 milhões de euros pelo patrocínio nos equipamentos). Se a Nike se disponibilizou a pagar 458 milhões de euros por 13 anos para gerir o merchandising do Manchester United, a Porto Comercial, SA, entidade responsável pelo desenvolvimento da componente comercial do FC Porto apresentou em negócios de merchandising, sponsorização e licenciamentos um volume de 7,1 milhões de euros, valor que até poderá estar inflacionado pela transferência das receitas resultantes da comercialização do negócio Corporate Hospitality para a Euro Antas.
Dois Porsches por dia nas Antas
Sim, a Liga espanhola é cada vez mais... galáctica, mas as suas receitas totais não chegaram aos 850 milhões de euros - menos do que a Série A italiana que, apesar dos sinais de crise e das ameaças de falência dos últimos tempos em alguns clubes históricos, ultrapassou claramente os 1000 milhões de euros em receitas totais. No entanto, o Real Madrid aproximou-se do Manchester como clube mais rico do Mundo, gerando 236 milhões de euros em 2003/04, apesar de ter sido quarto classificado no campeonato e de não ter passado dos quartos-de-final na Liga dos Campeões - e apesar de pagar 6,4 milhões de euros de ordenado mensal a Beckham, a Ronaldo, a Zidane, a Raul e a Figo, ou seja, 32 milhões de euros só nos salários dos cinco magníficos numa época apenas. 40,8 milhões foram os custos com o pessoal do FC Porto- o bastante para a conquista da Liga dos Campeões. Os custos com pessoal do Benfica andaram pelos 26,3 milhões e do Sporting pelos 20,5 milhões. Por junto os custos com pessoal das 18 equipas da SuperLiga foram para além dos 138 milhões de euros. Na rubrica de Fornecimentos e Serviços contabilizam-se entre outros gastos em deslocações e alojamentos, conservação, tratamento e vigilância de equipamentos desportivos, materiais médicos e farmacêuticos, honorários diversos. Em tudo isso, a SuperLiga gastou 45,3milhões de euros, osmaiores quinhões couberam ao Benfica (11,2 milhões), FC Porto (9,5 milhões) e Sporting (6,2 milhões). O campeão dos custos totais foi o FC Porto, com 85,3 milhões de euros. O Benfica ficou-se pelos 57,7 milhões e o Sporting pelos 43,4 milhões. Ou seja, os portistas, ao longo do ano, foram obrigados a suportar custos diários de 233.700 euros, mais ou menos o valor de dois Porsches 911 Carrera.
52 mihões em transferências
Em toda a SuperLiga, as receitas desportivas (sem transferências) pouco passaram dos 70 milhões de euros, para essa maquia contribuiu o FC Porto com 37,8 milhões, o Benfica não atingiu os 13,5 milhões e o Sporting ficou-se pelos 10,1 milhões. Os restantes clubes da SuperLiga por junto e atacado não conseguiram somar 10 milhões. Nesse ponto nota-se bem o efeito da Liga dos Campeões nas finanças portistas. Mas há um outro em que ainda mais se nota: na contabilização de mais-valias em transferências. O total da SuperLiga andou pelos 85,2 milhões de euros, sobretudo por via das transferências de Deco, Ricardo Carvalho e Paulo Ferreira para esse valor contribuiu o FC Porto com quase 52 milhões, Benfica e Sporting juntos não chegaram aos 20 milhões. Esses são, pois, alguns dos pontos que mostram que o futebol em Portugal se (des)faz de "números negros" - com alguns "pontos em azul" a contrariar a tendência para o forte endividamento e a descapitalização...
Meio Portugal por um... Ronaldo
Só da Adidas, da Gillette, da Pepsi, da Vodafone, da Castrol, dos perfumes Coty e dos royalties da sua biografia, David Beckham recebeu em 2004 18,4 milhões de euros. E como Ronaldo embolsou 13 milhões da Nike, da Ambev, da Audi, da Siemens e do Carrefour, os dois conseguiram mais dinheiro em publicidade que todos os clubes da SuperLiga, que arrecadaram 28,5 milhões. 7,2 milhões foram para o FC Porto, 7,0milhões para o Benfica, 2,4 milhões para o Sporting - e 11,5 milhões para os restantes. As receitas de televisão na SuperLiga ficaram à beira dos 47 milhões de euros, nesse ponto quem mais recebeu foi o Benfica: 9,5 milhões. O Sporting arrecadou 7,2 milhões - e o FC Porto não foi além dos 5,8 milhões. Pela cedência de direitos de TV, em Itália a Juventus teve direito a quase 90 milhões de euros... O FC Porto é o clube que apresenta maior massa associativa: 106.155 sócios, 83.282 pagantes. O Sporting regista 94.648 dos quais 66.733 pagantes. Apesar de o Benfica apresentar menor número de associados: 91.642 e 79.974, contabiliza o mais alto valor de quotização da SuperLiga: 5,4 milhões de euros, contra 3,3milhões do FC Porto e 3,2 milhões do Sporting. O valor total dos restantes clubes pouco passa dos 4,1 milhões.
Prejuízos de 70 milhões para 1 milhão
Em 2002/03, o resultado líquido de exercício em toda a SuperLiga tivera um valor negativo de 70 milhões de euros. De um ano para o outro, o prejuízo global baixou para menos um milhão, graças, claro, ao efeito - Champions do FC Porto, que apresentou, pela sua parte, registou um lucro de 24,7 milhões de euros. O Benfica apresentou um resultado de exercício negativo de 8 milhões e o Sporting um resultado negativo de 9,2 milhões. Para além dos portistas, lucro de exercício tiveram mais oito equipas: Sp. Braga (2,2 milhões), U. Leiria (1,8 milhões), Alverca (590 mil), Moreirense (348 mil), Beira-Mar (321 mil), Paços de Ferreira (293 mil) e Marítimo (170 mil) e Nacional (17 mil).
A triste média dos 731...
Ao longo da época de 2003/04 venderam-se cerca de 2,4 milhões de bilhetes na SuperLiga, o que aponta para uma média de 162 mil por clube. Ao FC Porto imputam-se 728 mil ingressos, ao Sporting 650 mil e ao Benfica 602 mil. No pólo oposto, surge o Alverca com 12 mil bilhetes vendidos ao longo de toda a temporada (que dá uma média de 731 por jogo) e o Nacional da Madeira com 21.750 (1279 de média). A taxa de ocupação média de todos os estádios andou pelos 40%. O do FC Porto apresentou um valor anual de 84% de ocupação, o Sporting chegou aos 76% e o Benfica quedou-se pelos... 55%. União de Leiria e Alverca registaram taxas médias de ocupação abaixo de 10%. Se nos jogos da SuperLiga foi assim por vezes confrangedor o cenário, nos do Euro-2004 não. Nos 31 jogos registou-se assistência total de 1.165.192, que corresponde a média de 37.587 espectadores por partida - e a uma taxa de ocupação de 93,8%.
681 milhões investidos no Euro-2004Nos 10 estádios para o Euro-2004 foram investidos 681 milhões de euros, o mais caro foi o Dragão, com um custo total de 117 milhões. Outros foram, claro, os custos: em acessibilidades, estacionamentos, benfeitorias. Nisso e nos estádios, estima-se que se tenham investido 964 milhões de euros. Foi na zona Norte que o Euro-2004 teve um maior impacto económico, gerando um Valor Acrescentado Bruto (VAB) de 191,7 milhões de euros, o total nacional terá andado pelos 694 milhões, criando 23.618 empregos por ano, entre 2002 e 2004. Calcula-se que as receitas turísticas associadas ao Campeonato da Europa tenham ultrapassado os 103 milhões de euros - inferiores, no entanto, às registadas no Euro-96 (168,9 milhões) e no Euro-2000 (194,2 milhões). Onde o Euro-2004 bateu os anteriores foi na audiências televisiva, que nos sete principais mercados do futebol (França, Alemanha, Itália, Holanda, Portugal, Espanha e Reino Unido) ficou à beira dos 1300 milhões de telespectadores".
Lindo...

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