LIBERTAÇÃO

UM ESPAÇO DE LIBERDADE SEM ILUMINADOS E HIPOCRISIAS

quarta-feira, outubro 19, 2005

Bispo chinês preso pela sexta vez em pouco mais de um ano

Três dias depois de ter sido noticiada a libertação de um padre católico que esteve preso cerca de seis anos, um bispo chinês foi detido em Zhengding, na província de Hebei (no Norte do país, 240 quilómetros a sudoeste de Pequim), segundo noticiaram ontem a agência católica Asianews e a Fundação Cardeal Kung, baseada nos Estados Unidos.
Com 70 anos, Jia Zhiguo é, desde 1980, bispo da diocese de Zhengding, na estrutura clandestina da Igreja Católica - o regime apenas reconhece a Associação Católica Patriótica (ACP), que reivindica cerca de quatro milhões de crentes, a qual controla a nomeação de bispos. De acordo com a Asianews, citada pelas agências internacionais, Zhiguo já passou vinte anos na prisão.
Esta é a sexta vez que, desde 5 de Abril de 2004, o bispo é detido. A sua detenção, na segunda-feira, foi considerada pelo Vaticano como "inadmissível da parte de um Estado de direito que declara garantir a "liberdade de religião" e "respeitar os direitos humanos"". A prisão, de acordo com a Aisanews, teria como objectivo levar o bispo a aderir à ACP.
Na sexta-feira, o relatório da Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) sobre a liberdade religiosa no mundo colocava a China no topo da lista de países que violam este direito. Com dados referidos a 2004, o documento da AIS citava o caso da prisão, no ano passado, de 19 bispos católicos. "A situação é extremamente grave na China", considera o relatório da instituição de apoio às igrejas do Terceiro Mundo e dos países com limitações à liberdade religiosa.
A notícia da prisão do bispo surge, no entanto, num contexto em que vários pequenos sinais reflectem a vontade de aproximação do Vaticano em relação à China. Depois da eleição do novo Papa Bento XVI, a Santa Sé manifestou desejos de estabelecer relações diplomáticas com o Governo chinês. O próprio Papa Ratzinger declarou já que quer criar laços diplomáticos com os Estados com os quais isso ainda não acontece.
Depois do corte de relações diplomáticas com o Vaticano, em 1951, a China promoveu a organização da Associação Católica Patriótica. No entanto, uns dez milhões a quinze milhões de crentes permanecem, na clandestinidade, fiéis a Roma. O que acontece, em muitos casos, é que os católicos participam nas estruturas da ACP e, ao mesmo tempo, também na rede clandestina ligada a Roma. Com muitos padres e bispos, a situação é semelhante.
Tal foi o caso da ordenação do novo bispo auxiliar de Xangai, Joseph Xing Wenzhi, realizada na semana passada, aceite tacitamente pela estrutura clandestina e pela ACP, de acordo com o bispo da diocese Aloysius Jin Luxian. Também a libertação do padre Vincent Kong Guocun, 34 anos, ligado à rede clandestina, noticiada pela Rádio Vaticano, foi saudada em Roma como um gesto positivo. A libertação, concretizada no dia 8 de Junho mas conhecida apenas no sábado, teria sido devida às débeis condições de saúde do padre.
Também na semana passada, uma delegação do Vaticano visitou o Vietname, numa iniciativa incluída na estratégia de aproximação às comunidades católicas minoritárias de vários países asiáticos. Mas com a China continua a haver um obstáculo de monta: Pequim exige que, para estabelecer relações diplomáticas com a Santa Sé, o Vaticano corte os laços que mantém com Taiwan. Na ilha existem cerca de 330 mil católicos. Uma sonhada viagem de João Paulo II à China também nunca se concretizou por estas mesmas razões.

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