LIBERTAÇÃO

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quarta-feira, outubro 19, 2005

Planeta doente

O alerta é da Organização Mundial da Saúde (OMS). Trinta e seis milhões de pessoas morrerão este ano em todo o mundo em decorrência de doenças crônicas bastante incidentes no planeta. Esse conjunto de inimigos inclui as enfermidades cardíacas, o câncer, a diabete, a obesidade e o acidente vascular cerebral, conhecido como derrame. E mais. Pelas contas dos especialistas, essas perdas representam 60% das mortes registradas no globo. Se não houver intervenção e nada for feito a partir de agora, o futuro será ainda mais sombrio. Estimativa da OMS aponta que esse índice pode aumentar 17% nos próximos anos. Os números brasileiros também são alarmantes. As enfermidades serão responsáveis por 72% do 1,2 milhão de mortes que ocorrerão este ano. No nosso caso, a obesidade parece ser uma das ameaças mais evidentes. Calcula-se, por exemplo, que 62% dos homens e 74% das mulheres estarão com peso acima do recomendado daqui a dez anos.
Todos esses dados constam no relatório Prevenindo doenças crônicas: um investimento vital, lançado mundialmente na semana passada pela OMS. O levantamento foi feito a partir de informações coletadas em nove países (Brasil, China, Índia, Canadá, Paquistão, Tanzânia, Nigéria, Rússia e Inglaterra). O documento agora será apresentado aos representantes dos governos durante o Fórum Global da entidade, que acontecerá no final deste mês em Genebra, na Suíça.
Segundo o cardiologista Mário Camargo Maranhão, um dos integrantes da comissão responsável pela confecção do relatório da OMS, as doenças crônicas lideram o número de mortes em todo o mundo e 80% delas ocorrem principalmente em países em desenvolvimento. Isso porque, nessas nações, impera a falta de informação entre os habitantes, situação agravada também por precárias políticas de saúde pública. No entanto, além do sofrimento imposto pelas doenças, o flagelo tem contribuído para acentuar o empobrecimento desses países na medida em que eleva os gastos com os tratamentos. Afinal, quase sempre os pacientes já chegam aos hospitais com manifestações graves das doenças. Sem falar no preço que sobra para os sistemas de previdência, uma vez que muitas dessas vítimas se tornam incapacitadas para o trabalho.
Metas – Para se ter uma idéia do tamanha do prejuízo, só o Brasil deverá perder este ano US$ 3 bilhões de sua renda. Até 2015, a previsão é de que esse impacto econômico alcance cerca de US$ 49 bilhões. “São homens e mulheres, em geral na fase mais produtiva de suas vidas, que estão morrendo ou ficando incapacitados fisicamente por causa dessas doenças. Essas perdas também interferem na força de trabalho desses países, impedindo-os de se tornarem mais competitivos. Sóum amplo trabalho de prevenção e controle, com participação dos governos e da sociedade, poderá ajudar a combater essa situação de calamidade pública”,afirma Maranhão.
Esse cenário catastrófico levou a OMS a criar um plano mundial com diretrizes para ajudar a poupar a vida de pelo menos 36 milhões de pessoas até 2015. São iniciativas que englobam desde o acesso a informações sobre as doenças – o desconhecimento é um dos motivos do caos atual –, até parcerias com a iniciativa privada. Um dos alvos, nesse caso, são as empresas produtoras de alimentos. Os especialistas da Organização Mundial da Saúde querem traçar metas para a colocação de produtos mais saudáveis no mercado, especialmente aqueles dirigidos às crianças. Outro ponto que merecerá atenção será o combate ao tabagismo, um dos maiores inimigos da saúde. A meta da OMS é diminuir em 2% a mortalidade a cada ano, nos próximos dez anos. “Os governos deverão se articular para que essa meta seja alcançada. Não há outra alternativa. As medidas, além de reduzirem o número de mortes, provocariam um impacto econômico importante”, alerta o médico Maranhão.
Hábitos – Embora o estrago provocado por essas doenças seja enorme, aadoção de medidas simples poderia reverter a situação. “A prevenção temcusto baixo e pode ser altamente efetiva”, afirma o cardiologista brasileiro. Defato, as recomendações propostas pela OMS são conhecidas e passam necessariamente por uma mudança de estilo de vida. Leia-se a adesão a hábitos saudáveis, como fazer atividade física regularmente, evitar comidas gordurosas e industrializadas, reduzir o sal das refeições e eliminar o cigarro. Só isso, segundoa Organização Mundial da Saúde, evitaria a ocorrência de 80% das mortes por doenças cardiovasculares (infarto e derrame entre elas) e por causa da diabetedo tipo 2, associada ao estilo de vida. E também impediria o surgimento de nada menos que 40% dos casos de câncer do mundo.

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