LIBERTAÇÃO

UM ESPAÇO DE LIBERDADE SEM ILUMINADOS E HIPOCRISIAS

domingo, outubro 23, 2005

As guerras de Robert Fisk

Passou os últimos 25 anos no Médio Oriente. Enviou reportagens a partir dos piores cenários de guerra. O britânico Robert Fisk, correspondente primeiro do Times e depois do Independent, escreveu agora The Great War for Civilization (a grande guerra pela civilização). Foi buscar o título a uma medalha, como explica no prefácio: "O meu pai era soldado na Grande Guerra, combatendo nas trincheiras de França por causa de um tiro disparado numa cidade de que nunca tinha ouvido falar chamada Sarajevo. Quando morreu (...) herdei as suas medalhas. Uma delas tinha inscrito no reverso: "A grande guerra pela Civilização"". E conta: "Passei uma grande parte da minha vida em guerras, também travadas "pela civilização"".A escrita de Fisk não pretende dar uma visão objectiva da situação no Médio Oriente, da guerra no Afeganistão, ou da invasão do Iraque. Mas é também o relato de um jornalista em situação de guerra, da frustração dos correspondentes que passam as suas vidas a dar conta do "primeiro rascunho da história", das suas fraquezas, cobardia e coragem.Quando começou a escrever o livro, "pretendia que fosse a crónica de um repórter sobre o Médio Oriente ao longo de quase três décadas". Mas percebeu depois que esta iria ser mais do que uma cronologia de acontecimentos. Talvez porque, ao longo dos anos, tenha "testemunhado momentos que apenas podem ser definidos como a arrogância de poder"."Os Governos gostam que seja assim. Querem que as pessoas vejam a guerra como um drama entre opostos, bom e mau, "eles" e "nós", vitória e derrota. Mas na guerra não se trata de vitória, mas de morte e de infligir a morte. Representa o falhanço total do espírito humano".Não precisou de remexer nos seus blocos de notas para se lembrar do pai iraquiano que foi na sua direcção com metade de um bebé nos braços, vítima de uma bomba de fragmentação americana. Ou da vala comum em Nassiriyah, onde uma perna estava ainda com a placa hospitalar, porque o homem tinha sido levado directamente do hospital para o local da execução, no deserto.Guardou tudo na memória: a entrevista a Osama bin Laden na sua tenda no topo de uma montanha do Afeganistão, o acompanhar da fuga taliban quando os americanos invadiram o país depois do 11 de Setembro, a entrada de Colin Powell nas Nações Unidas para explicar porque é que Saddam Hussein ia ser derrubado no Iraque, os mísseis que viu cair em Bagdad no primeiro dia da guerra... "Os resultados físicos directos de todos estes conflitos continuarão - e devem continuar - na minha memória até morrer" (Publico)

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