LIBERTAÇÃO

UM ESPAÇO DE LIBERDADE SEM ILUMINADOS E HIPOCRISIAS

domingo, outubro 30, 2005

Areias inofensivas

Depois do ruído das explosões no espaço, ou de um herói que atravessa os vidros de uma janela e sai ileso, o cinema acaba de perder mais um mito. Se, no primeiro caso, a quimera é facilmente desmentida por conhecimentos de Astrofísica - o espaço é um vácuo que não propaga sons - e, na segunda situação, não é preciso pensar muito para saber que atravessar uma janela com estrondo pode causar danos físicos sérios, no caso do objecto de estudo de Daniel Bonn, da École Normale Supérieure de Paris (França), a prova não é tão evidente.O físico dedicou-se a provar que não morremos quando caímos em areias movediças, porque nunca ficamos submersos nelas acima da cintura. Bonn teve a ideia depois de uma viagem de férias ao Irão. Aí ouviu relatos extraordinários, sobre camelos que acabavam completamente tragados pela areia. Respondeu sempre que tal era impossível e dispôs-se a prová-lo.O estudo, publicado recentemente na revista científica «Nature», descreve, então, que a forma como os materiais que compõem a areia movediça se deslocam não leva propriamente à morte das vítimas, mas a uma situação bastante complicada. A areia consegue «sugar» os objectos por ser formada por uma mistura de água salgada, areia e argila. Logo que é perturbada por algum movimento à superfície, liquefaz-se e torna fácil o afundamento de qualquer objecto. Mas a areia e a argila vão baixando até um certo ponto, criando um sedimento compacto que acaba por impedir que o atolamento da vítima seja maior. O afundamento depende, por isso, da consistência desta mistura de materiais e de como a areia e a argila se movem.
Mas o modo como a vítima reage à queda também tem influência no comportamento das areias movediças. Bonn explica que, quanto mais precipitados e rápidos forem os movimentos da pessoa que cai, maior é a sua impotência para sair.Mas é também impossível puxar a vítima, dada a força que a mantém no interior da areia. Os especialistas dizem que uma operação de salvamento com um camião ou outro veículo partiriam a vítima ao meio, tal a força de sucção das areias movediças.Qual é a solução? Daniel Bonn defende que se deve manter a calma, na certeza prévia de que não nos afundamos por inteiro. Para sair é necessário fazer movimentos lentos com os pés, alternadamente, para cima. E, sobretudo, ter muita paciência e sangue frio. Este movimento permite a entrada lenta de água na mistura e a consequente dissolução dos materiais.A única hipótese de morte, para o cientista, tem a ver com o supremo azar de a vítima cair de cabeça nas areias movediças e não ter tempo para efectuar os movimentos salvadores. Mas esse é um azar supremo, defende Bonn. E é daí que vem o mito presente nos filmes, explica.
Por isso, os clássicos «western», ou outros filmes, que vão da adaptação de Sherlock Holmes ao cinema a Lawrence da Arábia, passando por Flash Gordon, não passam disso mesmo: pura ficção.Texto de Ricardo Nabais (Expresso)

Quando os filmes enganam...

Lanterna eléctrica no «Titanic»
Numa determinada cena vê-se um tripulante com uma lanterna, objecto que ainda não existia na altura. Noutro momento, a personagem Rose (Kate Winslet) observa o quadro «As Ninfas», pintado por Monet em 1915. Mas o «Titanic» afundou-se em 1912.
Papéis impressos em «O Gladiador»
Os romanos usam carros egípcios e as listas dos nomes dos gladiadores foram impressas... 13 séculos antes de Gutemberg inventar a impressão. Há também um momento em que se vê gladiadores romanos a comer com colheres... de alumínio.
Dois lamas em «Tróia»
Numa feira são visíveis dois lamas, animais da América do Sul, que na altura ainda não tinha sido descoberta. Mais tarde, Helena cose a ferida de Páris com... uma agulha. Muito evoluídos, estes troianos, que até tinham a vacina BCG, como se pode ver no braço de Aquiles...
Uma bazuca em «Os Salteadores...»
Em «Os Salteadores da Arca Perdida», que se passa em 1936, vê-se o herói com uma bazuca, arma que foi criada apenas em 1941. Em «O Resgate do Soldado Ryan», passado em 1944, vê-se um automóvel com matrícula dos anos 50 (Expresso)

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