LIBERTAÇÃO

UM ESPAÇO DE LIBERDADE SEM ILUMINADOS E HIPOCRISIAS

quarta-feira, novembro 09, 2005

Os arquivos Mitrokhin

Vasili Nikitich Mitrokhin foi durante 40 anos major e arquivista-mor do KGB, a agência de espionagem da defunta União Soviética, até que em meados dos anos 90 fugiu para o Ocidente. Nos últimos anos que passou na URSS, dedicou-se a contrabandear para a Grã-Bretanha documentos dos serviços de espionagem numa quantidade e qualidade espantosas. Não é um exagero: o FBI norte-americano chamou-lhe "o mais completo e extenso conjunto de informações jamais recebido de qualquer fonte".Era tão extraordinário o acervo que era difícil acreditar que fosse verdadeiro. Quando Mitrokhin, em 1992, com 70 anos, chegou à embaixada dos EUA na Letónia e mostrou uma amostra do material que tinha (para trocar por asilo político), a CIA teve tantas dúvidas que o mandou para trás. O MI6 britânico foi menos céptico, ou mais competente, ou as duas coisas. Ao longo de dois anos, foram retiradas da Rússia mais ou menos 25 mil páginas de arquivos que ele escondera. Em Londres, Mitrokhin contactou em 1995, com o jornalista Christopher Andrew e propôs-lhe que escrevessem um livro com base nesses documentos. O resultado, publicado no fim da década, foi O Arquivo Mitrokhin: o KGB na Europa e no Ocidente, 700 páginas com muitas novidades.
Foi um best-seller e os direitos de autor ajudaram Mitrokhin e os seus a viverem com conforto no Reino Unido. O velho burocrata morreu em Janeiro do ano passado e surge agora um novo fruto, póstumo, do seu trabalho com Andrew, um Arquivo Mitrokhin parte II, chamado O KGB e a Batalha pelo Terceiro Mundo. As primeiras críticas não são de um entusiasmo contagiante. Robert G. Kaiser, do Washington Post, falou de frustração por não ter encontrado "surpresas ou sensações assombrosas".Mas Kaiser não deixa de sublinhar que há muitos episódios curiosos revelados sobre a conquista de influência - paga em dinheiro - da URSS na América Latina (do Chile de Allende à Nicarágua sandinista) ou em África (do Egipto de Nasser à Angola de Neto). E assinala outro aspecto mais do que curioso: entre os burocratas-espiões do KGB existia a convicção de que a Guerra Fria se inclinava para o lado de Moscovo, mas no Comité Central, o conjunto de anciãos que geria o império, era o pessimismo que imperava. Os ingredientes parecem suficientes para tornar apetecível a "obra póstuma" (Publico)

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