Espantoso: Segredos do conclave revelados por um cardeal não identificado

O cardeal Jorge Mario Bergoglio, da Argentina, foi o segundo nome mais votado pelo conclave que elegeu o Papa Bento XVI, de acordo com alguns segredos ontem revelados por um cardeal, não identificado, na imprensa italiana. Este "diário do conclave", escrito por um dos 115 participantes, será publicado na íntegra pela revista de reflexão política Limes, mas alguns pormenores foram já ontem avançados pelos principais jornais transalpinos. Bergoglio, de 69 anos, jesuíta, e não Carlo Maria Martini (italiano, também jesuíta, apontado na altura como a alternativa a Ratzinger), foi, assim, o único nome claramente "opositor" ao de Joseph Ratzinger, que acabaria eleito: na última das quatro votações, Ratzinger teve 84 votos, enquanto Bergoglio ficou com 26. O cardeal argentino, a fazer fé nos dados do texto agora revelado, tinha já chegado a um máximo de 40 votos. A primeira votação, no dia 18 de Abril, deu 47 votos a Ratzinger, 10 a Bergoglio, nove a Martini e seis ao italiano Camillo Ruini. No segundo escrutínio, na manhã de dia 19, Ratzinger e Bergoglio tiveram 65 e 35 votos, respectivamente. Na vez seguinte, Ratzinger subiu aos 72 e Bergoglio aos 40. Como eram necessários dois terços - 77 votos - para ser eleito, teve que haver um quarto escrutínio, na tarde de 19 de Abril, que acabou por dar a vitória ao cardeal alemão. Aquele que surgiu como hipótese de vir a ser o primeiro Papa latino-americano da história católica é conhecido pela sua segurança doutrinal ligada à abertura em questões sociais e pastorais. Só que, revela o texto, o cardeal argentino terá dado a entender, por pequenos sinais, que não desejava ser eleito, desencorajando os seus apoiantes e deixando-os sem possibilidade de fazer surgir um nome alternativo. Apesar do voto de silêncio que os cardeais fazem antes de entrar no conclave, sob pena de excomunhão - facto que explica o anonimato deste "diário" -, acaba por se saber sempre, através de revelações anónimas, muitos pormenores dos vários conclaves. Público/Afp/Reuters