Brasil da porcaria...

O vice-presidente brasileiro, José Alencar, filiou-se esta semana no Partido Municipalista Renovador (PMR), um partido que nasceu ligado à Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) e conseguiu, em Agosto, o direito de participar nas próximas eleições. Alencar já deixou em aberto uma possível candidatura à Presidência em 2006, mas, até lá - e em caso de impedimento do Presidente Lula - o país poderá ser governado por um elemento do partido que muitos vêem como o braço político da IURD.Apesar das suas ligações à Igreja Universal, a direcção do PMR - que pretende mudar o nome para Partido Republicano - diz contudo que a instituição não está totalmente atrelada à IURD. Um assessor comentou "Os evangélicos tiveram uma participação decisiva na sua organização, mas ficou claro, desde o início, que não seria um partido religioso. É um partido de fé, sim, mas de fé no Brasil, e na sua capacidade de levantar-se, pela acção política, da profunda crise moral em que está prostrado."A IURD usa as emissoras de rádio e os jornais para levar a sua mensagem ao povo brasileiro e conta com a TV Record - a terceira mais vista no país (após a Globo e a SBT) - para difundir a sua fé e propostas. O Brasil tem 513 deputados federais, dos quais 60 são considerados da bancada evangélica. Até ao momento, o PMR conta com um senador - Marcelo Crivella, cuja mulher é parente do líder da IURD, o bispo Edir Macedo - e 12 deputados federais. O líder provisório é Vitor Paulo Araújo dos Santos, da Igreja Universal.Mas o nome de maior peso é mesmo o do vice-presidente, que no último mês tinha sido disputado por vários partidos. Alencar, um industrial milionário de 73 anos, deixou o Partido Liberal (PL) no início de Setembro devido à crise política, quando ficou certo que o partido iria manter Valdemar da Costa Neto na presidência. Este renunciou ao mandato de de-putado para evitar um processo de impugnação, após admitir que o PL tinha recebido dinheiro do saco azul do Partido dos Trabalhadores.Alencar tem apoiado sempre Lula, mostrando-se apenas crítico em relação à política de altas taxas de juros - usada pelo Presidente para conter a inflação (Diário de Notícias de Lisboa)