LIBERTAÇÃO

UM ESPAÇO DE LIBERDADE SEM ILUMINADOS E HIPOCRISIAS

sábado, junho 04, 2005

Vejam o que é mamar

Do semanário Expresso de hoje, retive esta...

Polémica nas empresas públicas
A NOMEAÇÃO do ex-presidente da Câmara do Porto, Fernando Gomes, para administrador-executivo da Galp continua a ser polémica entre os partidos políticos - mesmo na ala do PS - e originou uma ampla discussão pública sobre as remunerações dos gestores escolhidos pelo Estado para as empresas em que participa.
Esta polémica ainda foi «aquecida» pelas cerca de 900 nomeações para cargos públicos - metade das quais para gabinetes ministeriais - propostas pelo Governo em três meses. Além dos ordenados e regalias diversas (em muitos casos, têm direito a cartão de crédito, telefone e carro), também é discutida a valia técnica dos nomeados. A Fernando Gomes foram dados os pelouros do imobiliário (Soturis), das centrais eléctricas (Galp Power), da exploração de petróleo e das relações com África.
Sendo o maior grupo industrial português, a Galp encontra-se numa fase delicada da sua vida - toda a reorientação do sector português da energia depende do futuro da empresa, onde o Estado terá de encetar grandes negociações com o seu sócio italiano ENI -, o que obrigaria a eleger para a nova administração gestores com bastante experiência no sector.
Ora, na nova comissão-executiva da Galp, nem o presidente José Marques Gonçalves (ex-General Motors e Opel Portugal), nem Fernando Gomes, nem André Palmeiro Ribeiro (ex-Crédit Suisse First Boston) dominam o sector. Ao nível da experiência profissional, Palmeiro Ribeiro, com 31 anos, é considerado na Galp «o mais ‘verde’ dos administradores», embora tido como bom financeiro. Nesta administração só os italianos da ENI, Giancarlo Rossi e Camillo Gloria, são executivos seniores do sector da energia.
Os salários destes gestores, presididos por Francisco Murteira Nabo, são, até à data, iguais aos da anterior administração presidida por Joaquim Ferreira do Amaral. Mas, quando for nomeada uma nova comissão de vencimentos, não está excluída a hipótese destes salários serem revistos em baixa. Mesmo assim, os actuais vencimentos dos administradores da Galp são muito inferiores aos que vigoraram há seis anos, quando a administração foi presidida por Manuel Ferreira de Oliveira, que então veio da Petróleos da Venezuela. Quando foi referido publicamente que Fernando Gomes iria ganhar cerca de €15 mil por mês e que Murteira Nabo atingiria os €24 mil mensais, a Galp não confirmou estes valores, alegando que nunca divulgou, de forma desagregada, os vencimentos dos seus quadros.
Um dos factores que mais inflaciona o salário pago a um gestor é a remuneração auferida na empresa de onde vem. O exemplo do director-geral dos Impostos, Paulo Macedo (ex-BCP), é um dos mais citados.
A contratação de Fernando Pinto (e da sua equipa) para administrador-delegado da TAP teve contornos diferentes, mas também permitiu pagar salários superiores à média. Na TAP admite-se que os vencimentos da equipa de gestão possam ser revistos nos próximos meses. O próprio lugar de «chairman» da TAP, ocupado por Pinto Barbosa - que termina o mandato no final do ano -, é actualmente um dos mais apetecidos entre todas as empresas públicas. Crisóstomo Teixeira (ex-CP e assessor do ministro Mário Lino) já é tido como um forte sucessor de Pinto Barbosa.
Outro caso em debate é o dos salários e prémios pagos à administração dos Correios de Portugal. Mas Carlos Horta e Costa, do PSD, recentemente substituído pelo socialista Luís Nazaré na presidência dos Correios, refere que em 2004, ano em que a empresa apresentou o melhor resultado de sempre, com um lucro de €50 milhões, «o accionista Estado não atribuiu sequer um cêntimo a título de prémio aos administradores».
Contudo, o ex-presidente dos Correios não divulga o valor das remunerações mensais que auferiu nesta empresa pública. «São dados pessoais que só dizem respeito a mim e à entidade patronal», sublinha. Requisitado à PT para assumir a presidência dos Correios, Carlos Horta e Costa admite que nestas circunstâncias «os gestores podem optar pelo ordenado de origem». A PT, juntamente com a EDP, é uma das empresas portuguesas com remunerações mais altas para níveis de gestão executivos. Luís Nazaré, por seu turno, diz que a comissão de vencimentos dos Correios ainda não definiu as remunerações que os administradores vão receber. «Por isso nem sei quanto vou ganhar», comenta o novo presidente dos Correios.

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