LIBERTAÇÃO

UM ESPAÇO DE LIBERDADE SEM ILUMINADOS E HIPOCRISIAS

segunda-feira, dezembro 19, 2005

A descoberta dos ratinhos cantores

Quais Romeus apaixonados, os ratinhos rompem em canções apaixonadas quanto detectam as feromonas de fêmeas que são potenciais parceiras sexuais. Os sons emitidos pelos machos são inaudíveis para os ouvidos humanos, pois são em frequências ultrassónicas, mas a sua complexidade levou uma equipa de investigadores dos Estados Unidos a considerar, sem sombra de dúvidas, que se tratam de canções como as das aves ou das baleias. A descoberta não é o facto de os ratinhos emitirem sons em frequências superiores a 30.000 hertz. Isso já se sabia. O inédito foi Tim Holy e Zhongsheng Guo, da Universidade Washington (Missouri, EUA), terem percebido que esses sons tinham uma complexidade de fraseado que permitia classificá-los como canções. "Até à data, nenhum estudo de que tenhamos conhecimento verificou se estes discretos sons consistem em sílabas distintas, ou se estas vocalizações têm uma estrutura temporal com significado", escrevem os dois investigadores no artigo que publicaram na revista electrónica e de livre acesso para todos "Public Library of Biology". "Os roedores emitem várias vocalizações, algumas audíveis para os seres humanos, como após o parto ou em situações de perigo", explicam os cientistas. Quanto a vocalizações de ultrassons, sabia-se que as crias produzem gritos de alarme quando estão isoladas, para alertar as suas mães, e que os machos os produzem também quando estão na presença de fêmeas ou quando detectam as feromonas presentes na sua urina (químicos envolvidos na resposta sexual). Foi nos machos de "Mus musculus" que os dois investigadores se concentraram, para tentar perceber como é que o cérebro dos ratinhos processava a informação relativa às feromonas femininas. E foi então que prestaram atenção aos sons produzidos pelos ratinhos e ficaram intrigados.
Perceberam que os sons emitidos pelos ratinhos consistiam em repetições e diferentes ritmos que se organizam como diferentes colecções de notas, dispostas em diferentes frases e motivos, como acontece nas canções das aves.
Depois de gravarem os sons, o desafio seguinte foi submetê-los a um tratamento informático que permitisse torná-los audíveis para os humanos. Fizeram-no através de dois métodos: um deles foi desacelerar o som, até 16 vezes mais lento, para conseguir ouvir os trinados dos ratinhos. O outro foi submetê-los a um programa informático que os baixou de frequência várias oitavas, para os tornar audíveis. Desta forma, os ratinhos entraram para o clube muito exclusivo dos mamíferos cantores que, até agora, incluía as baleias, os morcegos, os humanos e pouco mais. Como são evolutivamente mais próximos do homem que as aves, usadas já como modelo para o estudo da evolução da linguagem, os ratinhos podem ainda ter muito a dizer-nos sobre a forma como nós próprios aprendemos a falar - e a cantar, claro.

Para saber mais:
"Public Library of Biology" acessível através do endereço http://biology.plosjournals.org/
Sons dos ratinhos a cantar: http://biology.plosjournals.org/archive/1545-7885/3/12/supinfo/10.1371_journal.pbio.0030386.sa005.wav
http://biology.plosjournals.org/archive/1545-7885/3/12/supinfo/10.1371_journal.pbio.0030386.sa003.wav

Feromonas: http://www.hhmi.org/senses/d230.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Pheromone
Canto das aves: http://www.avianbrain.org
http://www.naturesongs.com/birds.html

1 Comments:

Blogger joana said...

Olá,

Escrevo porque estou interessada em realizar intercâmbios de links com a sua página web que trata da mesma temática que a minha. Eu poderia te oferecer um link em diferentes páginas.
Escreva-me se estiver interessado. (joana.seo.portugal@gmail.com)

http://magnolia-pura.blogspot.com/2005/12/descoberta-dos-ratinhos-cantores.html

12:35 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home

CounterData.com

espresso machines
espresso machines Counter